Por duas vezes, o tema de aposentadoria já foi discutido no blog. As perguntas foram muitas, mas a principal sempre foi: quando é o momento de parar? O MMA não é um esporte comum, o atleta tem muito a perder fisicamente se decidir parar no momento errado, principalmente se demorar para tomar essa decisão. O tópico não é simples, é difícil falar isso para um lutador. Ainda mais se ele continua com o fogo de competir.
Alistair Overeem em uma luta recente. Foto: Jeff Bottari/Getty Images
Existem casos recentes bem claros sobre a dificuldade de um atleta de pendurar as luvas. O maior deles é de um dos melhores de todos os tempos, Anderson Silva. Se formos fazer uma reflexão séria, o brasileiro deveria ter se aposentado em 2013 após a grave lesão na canela. Porém, oito anos depois, Anderson continua a competir mesmo tendo perdido cinco das últimas sete lutas e com o UFC se recusando a propor novos combates.
Então, é difícil para o atleta ter essa reflexão e entender qual o atual nível em que se encontra. Ainda mais alguém que teve tanto sucesso na carreira, sempre vai pensar que ainda está entre os melhores. Mas então, por que tocar nesse assunto novamente? O que tem de diferente das vezes em que foi discutido anteriormente?
O grande motivo é um caso diferente dos demais. Para contextualizar, o veterano Alistair Overeem irá enfrentar Alexander Volkov no próximo sábado, dia 6 de fevereiro. Overeem é um veterano de 80 lutas somadas no MMA e no kickboxing. Ex-campeão do Strikeforce, Dream e do K-1, o holandês já perdeu 17 vezes por nocaute ou nocaute técnico. É só imaginar a quantidade de concussões que ele já teve.
Então o que difere o caso de Overeem do resto? Enquanto outros lutadores que perderam o nível e perderam inúmeras lutas seguidamente, o holandês se manteve como um top 5 na divisão dos pesados do UFC. Ele se consolidou como um possível desafiante ao cinturão com 40 anos e com todos os nocautes brutais que já sofreu nas costas.
Claro que isso mostra o nível da divisão dos pesados do UFC, que decaiu muito nos últimos anos. Entretanto, nomes como Maurício Shogun e Rogério Minotouro sofreram numa categoria bem fraca como a dos meios-pesados. Então, a questão do peso não é o único fator para Overeem ainda atuar entre os tops do mundo.
O holandês teve a sensibilidade de mudar o estilo. Percebeu que seu corpo e, principalmente, seu queixo não aguentavam mais grandes batalhas e inúmeros danos. Ele largou o jeito agressivo para se tornar um striker mais conservador, que escolhe o momento exato para golpear. Essa alteração deu a ele mais alguns de anos de carreira e também o fez sonhar com novas chances de título.
Alistair Overeem em sua estreia no UFC, em 2011. Foto: UFC/Reprodução
Além disso, Overeem tem noção de que o tempo está acabando. Ele sabe que não tem mais muitas lutas para fazer e sabe que esse é o sprint final para uma disputa título. Tudo para lutar pelo cinturão novamente e já admitiu que irá se aposentar logo após desse possível combate seja com vitória ou derrota.
São mais de 20 anos no MMA e no kickboxing. Uma montanha-russa com vitórias, derrotas, títulos e polêmicas, mas o caminho já está chegando ao fim. Overeem é um grande exemplo de um veterano que entendeu a posição em que estava no esporte e se transformou para se adaptar a nova situação. Tudo isso para poder terminar a carreira com uma última oportunidade de ser campeão.
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