Em todos os esportes sempre existe a discussão sobre quem é o melhor. Seja no futebol, no basquete, etc. Cada um tem a própria opinião, por isso, é difícil ter um consenso de todos. No MMA não é diferente. Até em discussões com uma resposta clara, sempre tem alguém que discorda.
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Stipe Miocic (calção cinza) e Daniel Cormier (calção preto) se enfrentam pela terceira vez no próximo sábado, dia 15 de agosto. Foto: Joe Scarnici/Getty Images
O debate sobre o "GOAT" (sigla para "Greatest of all time", em português "Melhor de todos os tempos") é sempre muito subjetivo. É difícil decidir o principal fator que conta para a lista. No MMA, são diversos os que podem mudar a percepção sobre quem é o melhor. Motivos como o nível de competição, o número de títulos ou defesas, longevidade. Tudo isso altera pensamentos e complica para definir o número um.
O principal tópico no mundo da luta é sobre quem é o "GOAT" da categoria dos pesados. Esse debate está em evidência graças a terceira luta entre Stipe Miocic e Daniel Cormier, que acontecerá no próximo sábado no UFC 252. Para muitos, o resultado do combate pode definir o número um de todos os tempos no peso pesado.
O argumento de Miocic é que ele é o recordista de defesas do cinturão no UFC (três), derrotou a maioria dos tops da divisão da sua era e vingou dois dos três revezes de sua carreira. Enquanto Cormier, conquistou títulos em duas categorias e só perdeu para Jon Jones e o próprio Stipe.
Na minha opinião, mesmo que "DC", apelido de Cormier, vença no sábado, não será o suficiente. Por mais que o americano possua uma carreira lendária, seus melhores momentos foram no meio-pesado e ele não derrotou tantos nomes de alto nível nos pesados. Os maiores nomes da divisão em seu cartel são Josh Barnett e Stipe Miocic. Daniel tinha tudo para ser o melhor meio-pesado de todos os tempos, mas encontrou Jon Jones no caminho.
O argumento para Stipe é bem mais sólido. O bombeiro e campeão dos pesados derrotou todos os maiores nomes da divisão dessa era, o único que faltou foi Cain Velásquez. Além disso, ele é o detentor do recorde de defesas da categoria. Miocic está definitivamente no top 3 dos melhores pesados da história, o único jeito de retirá-lo da lista é se ele perder para Cormier no sábado.
Miocic e Cormier têm companhia no debate. Existem muitos outros lutadores que são considerados número um devido a diversos fatores. Um deles é Fabrício Werdum. O gaúcho finalizou três nomes considerados da lista de melhores da divisão (Velásquez, Emelianenko e Minotauro) e ainda foi campeão da categoria no UFC. Porém, Werdum não foi tão dominante e possui derrotas tão memoráveis quanto suas vitórias.
Se Werdum é considerado, Minotauro também é. Ex-campeão do Pride e do UFC (interino), o brasileiro foi o primeiro peso pesado a utilizar muito bem a guarda no MMA. O jiu-jitsu somado a mãos afiadas no boxe o levaram ao topo. Mas assim como Werdum, seus reinados não foram longínquos, no Pride perdeu para Fedor e no UFC para Frank Mir, e o final de carreira manchou um pouco seu cartel, com somente três vitórias em nove lutas.
Em termos de performance, o nome lembrado por todos é o de Cain Velásquez. O americano, filho de mexicanos, impressionou a todos com o seu condicionamento físico invejável para um peso pesado. Velásquez tinha o cardio de um peso leve e nunca deixava o adversário respirar. Cain sem lesões provavelmente é o melhor de todos. Porém, ele se lesionou muito e perdeu boa parte da carreira por isso. As derrotas para Júnior Cigano e Fabrício Werdum interromperam o domínio dele sobre a categoria.
Por último, não podia ser ninguém além de Fedor Emelianenko. Apelidado de "The Last Emperor", "O Último Imperador" em português, Fedor dominou a divisão do Pride e ficou sem perder uma luta de 2001 até 2010. Claro que desde a derrota para Werdum, Emelianenko não conseguiu o mostrar ser o mesmo lutador da época do Japão, mas o nível de dominância que ele demonstrou o fez entrar no imaginário dos fãs. Por isso, ele até está na lista de melhores de todos os tempos do esporte.
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Fedor Emelianenko em seu "trono". Foto: Esther Lin/Getty Images
Por mais dominante que Emelianenko tenha sido, não se pode negar que o nível de competição não era dos melhores. Fedor enfrentou muitos adversários de nível baixíssimo em seu tempo invicto nos anos 2000 e para muitos, isso alavancou o recorde dele. Mesmo com oponentes questionáveis, o russo derrotou lendas como Minotauro e Mirko Cro Cop, o último em talvez a maior luta da história do Pride.
Todos os nomes citados possuem bons motivos para serem o "GOAT" da divisão. Porém, todos também passaram por momentos mais difíceis, o que deixa complicadíssimo para os fãs chegarem a um consenso de quem é o número um. No entanto, a verdade é que não é preciso apontar quem é o melhor. O que se deve fazer é apreciar esses lutadores pela carreira e importância que tiveram.
Velásquez foi importantíssimo para o MMA mexicano, assim como Minotauro para o brasileiro. Fedor ajudou o Pride a ser a melhor organização do esporte. Todos estão na história, todos ajudaram a formar o esporte que milhões assistem e amam. Sem eles, esses debates sobre o melhor nem existiriam. Então, na realidade, não existe o "GOAT", mas sim diversos números um.
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