Longos três anos. Esse foi o tempo que Jon Jones ficou fora do octógono. Entre promessas de domínio sobre categorias e gritos por mais dinheiro, o personagem mais polêmico da história do MMA quase se tornou passado de tanta dúvida que se tinha sobre um retorno. A volta demorou tanto que os fãs começaram a desacreditar que ela realmente aconteceria.
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Jon Jones comemora depois da vitória sobre Ciryl Gane.
Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC via Getty Images
A última vez que eu escrevi sobre Jon Jones foi em setembro de 2020 quando ele renunciou o título dos meios-pesados e expressou o objetivo de subir de categoria, algo que ele já comentava desde 2013. Porém, os anos começaram a passar e a promessa de Jones foi vista como uma piada.
Era normal para o fã de MMA rir quando a cada alguns meses, saía uma nova matéria sobre o ex-campeão e sua ida para a divisão dos pesados. Jon começou a ser visto mais como um fanfarrão que só queria manter a sua presença pairando sobre o UFC do que alguém que realmente tinha planos de lutar novamente.
O primeiro motivo dado para o "atraso" seria o tempo que Jones precisaria para adaptar o seu corpo para subir de categoria. Ele queria ganhar massa muscular para poder não ter desvantagem contra os oponentes da divisão dos pesados. Além disso, Jon queria mais dinheiro, alegando que merecia receber milhões de dólares para lutar e só voltaria quando o UFC lhe oferecesse um novo contrato com novos valores.
Depois de todas as polêmicas e promessas, Jones finalmente definiu a data de retorno, dia quatro de março de 2023. Coincidentemente ou não, a volta foi logo após o campeão dos pesados, Francis Ngannou, renunciar o título e sair do UFC, o que acabou com o sonho de uma mega luta com Jon Jones.
Com Ngannou fora de cogitação, Ciryl Gane foi escolhido para ser o oponente de Jon Jones. O francês foi o último adversário de Francis Ngannou, com quem teve uma luta bem disputada, e é ex-campeão interino dos pesados, além de ser um ótimo striker conhecido por controlar bem a distância e frustrar os oponentes. Todas essas questões, somadas ao tempo fora do octógono de Jones, fez com que muitos apostassem que Gane sairia como vencedor.
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Jon Jones e Ciryl Gane se encaram na pesagem do UFC 285. Foto: UFC/Zuffa LLC
Além disso, Jones não chegou com a forma física esperada. A expectativa era de um corpo mais musculoso e definido, algo similar ao do próprio Gane. Entretanto, Jon Jones monstrou uma pochete avantajada e um peso maior que o seu adversário. Com isso, as dúvidas sobre a performance do ex-campeão dos meios-pesados aumentaram e a curiosidade de todos só subiu.
Parecia ser a primeira vez em muito tempo que Jon tinha grandes chances de perder, mas também por ser Jon Jones e os pontos fracos do Gane serem tão claros que um atropelo por parte do americano também era bem possível. O tempo fora, a forma física fora do esperado, os pontos fracos de Ciryl Gane, o novo peso. Prever o resultado do combate virou uma tarefa impossível com todas essas circunstâncias.
Mesmo com todas as circunstâncias, asteriscos e dúvidas, uma coisa foi esquecida: Jon Jones é Jon Jones. Ele é o lutador mais talentoso da história e para muitos, o GOAT do MMA. Não estou aqui para entrar nessa discussão, mas sim para lembrar que Jones faz tudo parecer fácil e sempre acha um jeito de vencer. Três anos fora e uma nova categoria? Tarefa fácil. Em míseros dois minutos, Jon derrubou Ciryl Gane e fez o francês bater rapidamente devido a uma guilhotina. Isso tudo sem levar um golpe.
É difícil esquecer todas as polêmicas. Os problemas com a polícia, álcool e drogas. As vezes que foi pego no doping. Porém, é também difícil esquecer todas as performances na carreira. Todos os ex-campeões massacrados com facilidade, os promissores desafiantes dominados com simplicidade. Isso tudo sem treinar seriamente em algumas ocasiões e claramente não dando importância para algumas lutas.
Jon Jones é o lutador de MMA perfeito. A mistura de talento com incríveis atributos físicos. A envergadura para dominar os adversários na longa distância e os mesmos braços longos para finalizar e derrubar os oponentes em uma luta agarrada. O único ponto fraco é a dificuldade de se manter longe dos problemas, mas mesmo assim o talento e a mente de um campeão falam mais alto na hora da luta.
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Jon Jones derruba Ciryl Gane na luta entre os dois no UFC 285.
Foto: Chris Graythen/Getty Images
Sem treino ou sem ritmo, não importa. A mentalidade de Jones o impede de perder, pois ele se sente invencível e sabe que com o talento que tem, isso pode muito bem ser verdade. Então, não importa por quanto tempo fique longe ou até se esqueçamos quão bom ele é. Uma coisa tem que ser lembrada: nunca aposte contra Jon Jones.
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