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O último espetáculo do Aranha

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

Atualizado: 6 de nov. de 2020

Eu admito que talvez seja tarde para publicar um texto sobre este assunto, porém, refleti muito desde sábado passado e tenho que escrever. Vocês perceberão um tom muito mais pessoal. Eu raramente escrevo na primeira pessoa, mas essa situação é especial. Eu queria inserir uma pegada diferente desta vez, afinal, já publiquei sobre o fim da carreira do Anderson Silva.

Anderson no centro do octógono após a luta. Foto: UFC/Reprodução


A luta do último sábado foi estranha para resumir. Todas as últimas vezes que Anderson entrou no octógono, eu sempre tive uma sensação estranha. Pela movimentação dele e seus ataques, eu não reconhecia o lutador que vi tantas outras vezes. Infelizmente, a idade importa muito no MMA, por mais que o atleta tenha o desejo e a ambição de continuar ativo, o corpo não consegue fazer o que já fez. O Anderson é um exemplo claro disso, ele não tem mais o poder de reação, a velocidade e o timing que o fez ser considerado o melhor da história.


Mas por quê a aposentadoria dele é tão pessoal para mim? Eu nunca fui um grande fã. Claro que admirei quando ele estava no topo, mas as escolhas erradas no final de carreira me fizeram não o apreciar tanto. Eu o considero como um dos maiores da histórias e quando pensamos em performance, o Anderson talvez tenha as melhores e mais bonitas no esporte. Porém, não o vejo como o "Pelé do MMA", principalmente após os casos de doping, tenha sido de propósito ou não.


Então por quê tanta reflexão? A verdade é que eu tenho um grande sentimento de gratidão e agradecimento por Anderson. Ele, indiretamente, mudou minha vida. Com um simples chute e uma performance incrível contra Vitor Belfort no UFC 126, em fevereiro de 2011, ele fez o esporte explodir de um jeito nunca visto antes no Brasil. E foi desse boom de popularidade do MMA, que eu conheci esse mundo. Em agosto de 2011, um jovem Rafael de 12 anos começou a assistir os VTs de eventos na madrugada no Sportv, isso tudo durante a expectativa para o primeiro UFC Rio.


O MMA era conhecido antes da luta, mas não tinha alcançado o grande público ou o "mainstream". Todo mundo conhecia o UFC, porém a grande maioria não assistia. E olha que vivemos no país que inventou o vale-tudo. Tudo mudou depois do UFC 126, foi a primeira vez que parecíamos ter uma luta realmente importante para o Brasil inteiro. Algo que todos sabiam, a verdadeira "luta do século". Aliás, esse termo começou a ser usado muitas vezes após o combate entre Anderson e Vitor.


Foi a expectativa em torno do combate e, principalmente, o nocaute aplicado por Anderson que catapultaram o esporte. Com um chute, o UFC decidiu voltar ao Brasil após mais de 10 anos e, após o sucesso do UFC Rio, a Globo começou a transmitir em TV aberta. A partir daí, todos sabiam quem era Anderson Silva, ele virou um ícone, uma estrela. Junto com ele, outros lutadores subiram para o estrelato e ficaram conhecidos no país inteiro. Me arrisco a dizer que o MMA virou o segundo esporte mais popular depois do futebol naquela época.


A importância de Anderson vai muito além do território brasileiro. É só prestar atenção na quantidade de lutadores que ele inspirou. O atual campeão dos médios, Israel Adesanya, já afirmou publicamente que o brasileiro foi um dos motivos pelos quais começou a lutar. Basta assistir o final da luta de sábado que teremos outro exemplo, Uriah Hall aos prantos e pedindo desculpas após nocautear o seu ídolo.


Então, de um jeito ou de outro, Anderson influenciou ou tem uma importância para cada fã, atleta ou jornalista. Mesmo que você não goste dele, é inegável o seu lugar na história do MMA, principalmente aqui no Brasil. Talvez se não fossem muitas decisões erradas no final da carreira, ele seria considerado o GOAT? Será que se ele tivesse se aposentado após a segunda luta contra Chris Weidman teria sido melhor? São tantas perguntas, mas, francamente, não precisamos de respostas.

O chute que mudou a história. Foto: James Law/ Zuffa LLC


Portanto, eu posso não ser um fã mas eu entendo a importância de Anderson na minha vida. Sem ele, provavelmente esse texto e esse blog não existiriam. Polêmicas jogadas para o lado, as performances do "Spider", na época em que era campeão, foram as que mais me impressionaram desde que comecei a acompanhar o MMA. Em seu auge, Anderson lutava com a ousadia que sempre esperamos de nossos jogadores de futebol. Ele pode não ter sido o Pelé do MMA, mas ele foi o Anderson Silva.

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