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O UFC, como produto, está em seu pior momento?

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

Alex Poatan derruba Jiri Prochazka no final do primeiro round da revanche entre os dois no UFC 303, o último pay-per-view do UFC. Foto: Divulgação / UFC


Ao deslizar pela página principal do aplicativo X, antigamente conhecido como Twitter, me deparei com uma publicação que me fez refletir. O conteúdo era uma imagem do presidente do UFC, Dana White, e na frente um comentário que dizia "o esporte está pouco "assístivel" no momento, em tradução literal. Em resumo, o fã sente que o produto não é bom o suficiente para assistir.


Isso me fez refletir porque vai muito contra a narrativa do UFC e da Endeavor, dona da organização, sobre os últimos anos da companhia. O próprio Dana White diz a cada ano que financeiramente a empresa não para de bater recordes e que o próximo ano é sempre o melhor em termos de receita.


Entretanto, o dinheiro ganho pela empresa não pode resumir se o conteúdo que ela produz é bom ou não. Têm diversas questões que explicam porque a organização continua produzindo receitas enormes mas os fãs sentem que o produto não é bom. Uma coisa não cancela a outra.


Aliás, eu posso falar sobre a minha visão. Eu nunca irei perder o amor que sinto pelo MMA e nada me faz ficar tão animado quanto uma boa luta, mas, nos últimos anos, já me peguei diversas vezes sem fazer ideia de quem lutaria no próximo card ou sem nenhuma vontade de assistir determinados confrontos. Essas minhas reações eram de alguém que não sentia animação com o produto que estava sendo entregue.


Por que o produto está ruim?

Publicação no X sobre motivos do UFC como produto não estar no seu melhor momento. Foto: @beefcake_180 / X.


Uma resposta de outro usuário para o comentário no X talvez explique o porquê do produto estar tão difícil de assistir. O fã escreve que o motivo do MMA estar numa fase tão medíocre é o fato do UFC ter acabado com as ambições de wrestlers e outros atletas universitários de alto nível e ter negligenciado verdadeiras promessas ao focar em contratar lutadores que eles podem pagar um salário baixo.


Como o fã comentou, o UFC vem tendo uma atitude nos últimos anos de contratar muitos lutadores através do Contender Series e do The Ultimate Fighter. Entretanto, quantidade nem sempre quer dizer qualidade, então a grande maioria dos contratados não têm condições de lutar em alto nível. Isso fez com que os eventos da organização estejam recheados de lutas que simplesmente não deveriam estar ali.


Essa estratégia de "criar estrelas", como diz Dana White, é, na verdade, o jeito que a organização encontrou para ter um plantel grande e barato. Porque os atletas contratados através do Contender Series geralmente recebem na casa de 10 mil dólares por luta. Esses valores baixos raramente são aceitos por boas promessas de outras organizações, que já não consideram ir para o UFC uma boa ideia.


Em resumo, a soma da grande quantidade de atletas de nível baixo com o alto número de eventos realizados por ano fazem com que muitos cards sejam tecnicamente ruins e não deixem os fãs com vontade de assistir. Outros fatores, como a insistência do UFC em realizar cards no Apex, em Las Vegas, mesmo depois de tanto tempo da pandemia, também contribuem para a falta de animação com as lutas.


Se o produto não está no nível ideal, por que o UFC continua quebrando recordes?

Imagem aérea de um evento do UFC. Foto: Chris Lee


Em fevereiro deste ano, a empresa TKO, uma holding que controla o UFC e a WWE (pro wrestling / telecatch), revelou as receitas financeiras de ambas as marcas no ano de 2023. O UFC conseguiu um lucro recorde de 1,3 bilhão de dólares, um aumento de 13% em relação a 2022. Aliás, o ano de 2022 já havia tido um aumento de 20% na receita em relação ao ano anterior.


O UFC conseguiu aumentar os ganhos em todas as facetas da empresa no ano de 2023 mesmo com o produto decaindo, de acordo com os fãs. Venda de ingresso, patrocínios, contratos de direitos de transmissão, todos tiveram um lucro recorde, o que mostra que apesar do nível baixo da maioria das lutas, a marca se consolidou entre o público.


O que demonstra melhor ainda essa consolidação da marca é o aumento de seu valor. Em 2016, o UFC foi comprado pela Endeavor por 4 bilhões de dólares e agora, oito anos depois, a empresa tem um valor estimado de 12 bilhões, o triplo do valor da compra. Em resumo, o dinheiro gasto pela Endeavor já foi recuperado e muito.


Ao final deste texto, acho que cheguei em uma conclusão sobre como a empresa tem o seu melhor momento financeiro ao mesmo tempo em que tem seu pior como produto. A organização chegou em um nível que mesmo não tendo uma estrela, consegue lotar shows em diversos países e cidades pelo simples fato de ser um evento do UFC. Muitas pessoas nem se importam com o card, só vão ou assistem por ser o UFC. Para concluir, a era atual mostra quão gigantesca é a marca, mas também deixa visível quão mesquinho é quem a comanda.

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