Depois de anos explorando o mínimo do mercado mexicano e latino, o UFC finalmente pôs em movimento o plano de se aproximar mais ainda desse público. Com o sucesso de lutadores mexicanos no último ano, a organização realizou o primeiro Noche UFC, no último sábado, dia 16 de setembro. A data do evento coincidiu com o dia da independência mexicana e foi um dos motivos para realizar o show nesse fim de semana.
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O lutador Raúl Rosas Jr comemora com os fãs na arena do Noche UFC. Foto: Chris Unger / Zuffa LLC via Getty Images
O mercado mexicano sempre mostrou ter muito poder de lucro, principalmente no boxe. A nobre arte sempre teve campeões do país e sempre ocorreram eventos nos feriados do México, como no Cinco de Mayo e no dia da independência. Os maiores pugilistas mexicanos costumam lutar nestas datas. Por exemplo, o boxeador Saúl "Canelo" Álvarez, que é o maior lutador mexicano atualmente, lutou no fim de semana do Cinco de Mayo em quatro dos últimos cinco anos.
A torcida mexicana é conhecida por ser muito fanática e bem presente no mundo do boxe. O que não é nada espantoso já que o pugilismo é um dos esportes mais populares do México. O que espanta é a demora do UFC de aproveitar melhor esse público fervoroso. A organização vem adentrando aos poucos no mercado mexicano desde 2014. Eventos e programas no território mexicano viraram algo regular entre 2014 e 2019.
Inicialmente, o UFC quis aproveitar o sucesso do ex-campeão peso pesado Cain Velasquez. Cain é filho de mexicanos e sua ascensão na organização sempre foi acompanhada por um forte apoio do público mexicano. Quando conquistou o título dos pesados contra Brock Lesnar em 2010, Velasquez tinha todo apoio da torcida na arena de Anaheim, na Califórnia. O local estava repleto de bandeiras do México.
Mesmo com o sucesso de Velasquez, o UFC demorou anos para finalmente olhar com mais carinho para o mercado latino, em especial o mexicano. Para se ter uma noção, Cain já estava no segundo reinado na divisão dos pesados quando a organização finalmente realizou um evento no México. Isso foi em 2014, quatro anos depois que Cain Velasquez conquistou o cinturão pela primeira vez.
O primeiro evento no México foi o UFC 180, no dia 15 de novembro de 2014. Curiosamente, Cain Velasquez, que era a principal razão para o UFC investir no mercado, não competiu graças a uma lesão. Mesmo com a ausência do maior astro, 21 mil pessoas estiveram presentes na arena da Cidade do México, capital do país.
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A campeã Alexa Grasso (de preto) se defende das tentativas de finalização de Valentina Shevchenko (de branco). Foto: Louis Grasse / AgFight
Desde então, o UFC realizou mais cinco eventos no país. Além disso, produziram três temporadas da versão latina do The Ultimate Fighter, com o foco maior nos lutadores mexicanos. Mesmo assim, sempre pareceu que a organização poderia fazer mais com o mercado e realmente criar uma quantidade grande de fãs no país. Possivelmente, a falta de campeões e estrelas interrompeu uma exploração melhor do potencial da nação.
Com a pandemia, o UFC se viu impedido de visitar o México e desde então, nunca mais tivemos eventos no país. O que voltou a dar holofotes e prioridade para o mercado mexicano foi o sucesso repentino de seus lutadores. O esporte se desenvolveu bastante no país desde o primeiro show da organização em 2014. O MMA conseguiu interesse de uma parcela pequena de jovens para treinarem e, possivelmente, competirem na modalidade.
Os frutos do desenvolvimento começaram a serem vistos em 2021, quando o UFC coroou o seu primeiro campeão mexicano. Por mais que Cain Velasquez tenha carregado por anos a bandeira de estrela mexicana para o UFC, ele era americano. Ao bater Deiveson Figueiredo em junho de 2021, Brandon Moreno foi o primeiro campeão nascido no México da história do UFC.
A partir daí, cada vez mais lutadores de alto nível foram surgindo do país. Isso foi evidenciado em 2023 quando, num determinado momento, tivemos três campeões mexicanos do UFC. Com isso, a organização se viu quase que obrigada a voltar a dar atenção para o México e aproveitar o bom momento esportivamente do país.
O presidente do UFC, Dana White, chegou a admitir que a organização errou gravemente ao não aproveitar o feriado de Cinco de Mayo para realizar um grande evento no México. Depois dessa declaração pública de White, o UFC decidiu agir e realizar um evento inteiro com a temática mexicana. O Noche UFC foi basicamente um Fight Night normal com a diferença de ter um card repleto de lutadores latinos e a identidade visual da transmissão era completamente inspirada na estética mexicana.
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Alexa Grasso posa com o título após o empate com Valentina Shevchenko no Noche UFC. Foto: Chris Unger / Zuffa LLC via Getty Images
Mesmo com todo sucesso do Noche UFC, ainda existem críticas. O fato do evento ter acontecido nos Estados Unidos e não no México, deixou a desejar. Porém, fica a esperança da realização de um evento no país, ainda mais que Alexa Grasso se manteve como campeã e tem potencial de estrela. Tomara que a noite do dia 16 de setembro de 2023 tenha sido o início de um foco maior para o mercado latino.
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