Na história do UFC, sete atletas tentaram a grande conquista de serem campeões de duas categorias ao mesmo tempo. Todos estão na história de algum jeito, por mais que só quatro tenham conseguido a façanha. Entre eles, temos atletas olímpicos, a maior lutadora de todos os tempos e um astro irlandês. No último fim de semana, uma potencial futura mega estrela foi quem tentou ter essa grandeza para si, mas ele só não percebeu o erro que cometeu: ousou ser grande rápido demais.
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Jan Blachowicz comemora a vitória sobre o campeão dos médios, Israel Adesanya.
Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC
Israel Adesanya é um dos últimos grandes casos de sucesso do UFC. Um verdadeiro achado da organização. Jovem, provocador, um estilo de luta que interessa aos fãs. Além disso, ele vem de um sucesso enorme no mundo do kickboxing e já competiu no boxe, o que mostra que já possui bastante experiência nos esportes de combate.
Nascido na Nigéria, mas criado na Nova Zelândia, ele começou a carreira no MMA em 2012, mas só competiu duas vezes até 2015. A partir daí, se tornou bem mais ativo e começou a montar um cartel bem interessante em shows pela Oceania. Temos que lembrar que ao mesmo tempo ele competia em alto nível no Kickboxing, com disputas de título no caminho.
Em 2017, se aposentou do Kickboxing quando viu chegando a oportunidade de entrar no UFC, o que não demorou. Logo no ano seguinte lá estava ele, com muita expectativa no nome e em uma categoria que precisava urgentemente de uma nova estrela. Não só a divisão, mas a organização em si precisava de um novo astro pois Conor McGregor estava ocupado no boxe.
Apesar do pouco tempo no UFC, o neozelandês lutou dez vezes. Nesses dois anos, ele teve um dos crescimentos mais meteóricos de todos os tempos. Em um ano na organização, ele estava enfrentando Anderson Silva e alguns meses depois disputando o cinturão da divisão. Tudo isso com performances de alto nível e um estilo inigualável.
Ele conseguiu essencialmente limpar as divisões dos médios e provavelmente se consolidar como o segundo maior da história da categoria. Isso num espaço de tempo curtíssimo. Mas será que só isso é suficiente? O UFC mudou muito nos últimos anos e se aproximou de uma pegada de privilegiar mega lutas ao invés de disputas de cinturão normais. É por isso que na estatística que dei no primeiro parágrafo, seis dos atletas tentaram ser campeões duplos de 2016 pra cá. O único que tinha tentado anteriormente foi BJ Penn em 2009.
O UFC viu o grande sucesso que foi Conor McGregor contra Eddie Alvarez, o primeiro confronto entre campeões nos últimos anos, e começou a aproveitar qualquer oportunidade para marcar novas lutas. Adesanya só foi o escolhido da vez. Um atleta popular e que já vinha falando de subir de categoria, além de sua rivalidade com Jon Jones. Somado ao fato de que a categoria dos meios-pesados é uma das mais fracas atualmente e não se esperava que o novo campeão, Jan Blachowicz, mantivesse o título por muito tempo.
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Adesanya em sua última defesa de título. Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC
O problema é que talvez foi cedo demais para essa subida. Adesanya não conseguiu se adaptar com a nova categoria, por mais que não tenha feito um combate ruim. Além disso, ele perdeu o cartel invicto e desceu alguns degraus. Isso não quer dizer que ele não é mais o grande campeão dos médios e que não vai dominar a divisão por um bom tempo, mas destrói a aura de invencibilidade. Mostra que ele é humano e algumas vezes quando isso acontece, o atleta entra numa espiral descendente.
No final, o grande erro de Adesanya foi ousar ser grande cedo demais. Ele ainda terá outras oportunidades de fazer história, mais do que já fez no pouco tempo que compete no UFC. Como disse após a luta: "Eu já perdi no kickboxing, no boxe, no amor e na família, mas eu continuo aqui". É a reação à derrota que demonstra quem são os verdadeiros campeões e o aprendizado que faz a grandeza aumentar.
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