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O personagem de Colby Covington

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

O MMA e o Pro-Wrestling tem uma relação muito próxima desde o início dos anos 90. O famoso telecatch já existe há mais de 50 anos e faz muito sucesso em países como Estados Unidos e Japão. Então, não é nenhuma surpresa que o MMA tenha puxado muita inspiração da parte de entretenimento. Seja o Pride e outras organizações japonesas com suas entradas gigantescas ou o UFC que sempre foca nos trash-talkers. Muitos lutadores começam a perceber que precisam ser mais falantes para chamar atenção para si próprios.

Colby Covington fazendo uma careta para Robbie Lawler. Foto: UFC/Reprodução


A conta costuma ser fácil, geralmente os falastrões conseguem mais dinheiro e melhores oportunidades. Porque, sejam amados ou odiados, as pessoas querem vê-lo lutar. Muitos atletas já provaram como isso funciona, os melhores exemplos são de Chael Sonnen e Conor McGregor. O último a entrar nessa lista foi Colby Covington. O wrestler americano entrou no UFC em 2015 e conseguiu bons resultados na organização, porém perto de sua última luta do contrato, ele foi avisado que talvez não renovassem e assim, ele tomou uma atitude para evitar isso.


Covington começou a falar bastante, chamar totalmente a atenção para si e por último, ser mais odiado possível. Ele sabia que se irritasse as pessoas, todas iriam querer vê-lo lutar, mesmo que fosse para perder. Então para sua luta contra Demian Maia, ele atacou de todas as formas o Brasil e o povo brasileiro. Ele abraçou a ideia de ser o vilão, ir para outro país e derrotar um dos heróis.


É nesse instante que devemos pensar em qual é o limite que um lutador pode ir para vender uma luta ou chamar a atenção. Por mais que no final das contas possa ser um personagem, o quão aceitável e permitido é Covington falar certas coisas? Antes e depois do combate com Demian, o americano chamou o Brasil de lixão, os brasileiros de animais e que achava o país decepcionante, pois esperava mulheres bonitas e não viu nenhuma.


No final das contas, o plano de Covington deu certo. Ele foi o vilão perfeito, o chamado "heel" no telecatch. Fez com que todos quisessem assistir sua luta e ainda venceu, o que quer dizer que irão vê-lo lutar até ele perder. A nova atitude ou personagem foi um sucesso. A performance e as palavras do americano causaram um burburinho enorme, todos estavam falando sobre isso. O UFC viu a oportunidade e no combate seguinte ele estava disputando o cinturão interino da categoria.


Ele foi de última luta do contrato para na seguinte disputar e conquistar o cinturão interino dos meios-médios. Isso só porque ele ofendeu um país inteiro. Essa ação do UFC mostrou para Colby que eles não se importavam com o que ele falasse, para eles só importava o quanto ia vender. Então Covington estava livre para falar o que quisesse. E assim, ele continuou a falar.


Ele falou mais sobre o Brasil, isso até fez com que o ex-campeão dos pesados Fabrício Werdum tentasse agredi-lo num evento do UFC. Atacou o campeão da categoria, Tyron Woodley, e todos que falassem mal dele. Ele só precisava de mais uma coisa. Ele tinha que achar uma parte dos fãs que iriam gostar dele e apoiá-lo apesar de suas falas. A partir disso, ele se alinhou fortemente ao presidente dos EUA, Donald Trump, e virou um apoiador fervoroso do político.


Era a peça que faltava pro quebra-cabeça de Covington. Ao mesmo tempo, aumentou sua base de fãs com os apoiadores de Trump e elevou quem queria vê-lo perder graças à oposição do presidente. A partir disso, ninguém conseguiu segurar Colby, ele iria falar tudo o que quisesse. Enfim ele conseguiu uma legião de fãs para defendê-lo apesar de absurdos ditos por ele.

Colby Covington em sua última luta contra Tyron Woodley. Foto: UFC/Reprodução


Covington chegou a ter sua chance pelo cinturão em dezembro de 2019, mas perdeu para Kamaru Usman. Desde então, ele continua a falar mal de seu algoz, seu ex-parceiro de treinos Jorge Masvidal e todos que não gostam de Trump. Seja Joe Biden, o adversário do presidente na eleição deste ano, ou Lebron James, ídolo do basquete que é apoiador do Black Lives Matter (movimento anti-racista e contra Trump). Assim, não podia ser diferente que depois da luta contra Tyron Woodley, ele se metesse em outra polêmica ao ter falas racistas sobre Usman.


Seja esse o verdadeiro Colby ou só um personagem, o lutador Colby é algo que não se tem dúvidas. Controvérsias à parte, Covington prova a cada luta que está num patamar cada vez mais alto. O que faz com que suas atitudes sejam cada vez mais estranhas. Por que ele teve essa mudança de atitude tão drástica se é tão talentoso dentro do octógono? Por que o UFC não se interessa em um lutador fantástico e sim por um atleta que tem falas racistas?


São muitas perguntas, mas poucas respostas. É possível passar dias ou semanas nessa discussão toda. Porém, não importa se você é contra ou a favor, Colby Covington é uma realidade. De um comentário polêmico de cada vez, ele conseguiu chegar nos tops da categoria e através de seu talento para lutar, ele consegue se manter lá em cima.


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