top of page
fundo%20do%20blog_edited.jpg

O MMA brasileiro e a falta de ídolos

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

O MMA e o Brasil sempre andarão de mãos dadas, afinal, foi no país que o esporte deu seus primeiros passos. Desde os primórdios do vale-tudo e o surgimento da família Gracie até o momento atual, a nação está entre as mais importantes do mundo das artes marciais. Com uma ligação tão forte, não é surpresa a grande quantidade de lendas brasileiras. De Royce Gracie a José Aldo, são inúmeros os ídolos que representaram as cores verde e amarela nas maiores organizações do planeta.

Amanda Nunes, única campeã em duas categorias na história do UFC. Foto: Reprodução/UFC


Porém, a partir de um momento, o esporte perdeu sua força no Brasil e a famosa fonte de ídolos secou. O país até teve e tem campeões nas principais organizações do mundo mas nenhum é uma estrela como muitos do início da década de 2010. Nomes como Vitor Belfort, Anderson Silva, Júnior Cigano e José Aldo estavam no topo do esporte e entre os atletas mais populares da nação.


Então o que aconteceu? Por que não apareceu nenhum outro atleta que chegou a esse nível de estrelato? Os meios de comunicação até tentaram, principalmente com Paulo Borrachinha, mas o lutador desperdiçou a chance de conquistar o cinturão, foi completamente dominado e ainda viu os fãs e seu algoz o zoarem sem parar depois da luta.


É inegável que o esporte perdeu força no país. O UFC apostou no Brasil como um dos principais mercados e aproveitou o boom no início da década. Nos anos de 2012 e 2013, a organização realizava quase dez eventos em território brasileiro, tinha um contrato com a maior rede de televisão aberta e um reality show. Por isso, não é surpreendente ver o nível de popularidade que muitos dos atletas alcançaram.


Quando a quantidade de campeões diminuiu consideravelmente e muitos dos atletas mais reconhecidos entraram numa fase decadente, a popularidade do esporte caiu bastante. O TUF Brasil foi cancelado após quatro temporadas, a Rede Globo parou de transmitir as lutas na TV aberta e o número de eventos diminuiu.


A realidade é que o Brasil ficou muito preso aos ídolos do passado e não deu oportunidades aos novos que estavam por vir. Como já detalhado em outro texto, o fato de Amanda Nunes não ser uma atleta mais reconhecida no país é vergonhoso. Ela é a maior lutadora de todos os tempos e se quisesse, poderia andar tranquilamente pela rua que poucas pessoas pediriam o seu autógrafo.


Os meios de comunicação tem sua parcela de culpa, pois não tiraram os velhos ídolos do centro das atenções. Pior ainda, eles mantiveram a aura de invencíveis dos atletas. Eles nunca perdiam por mérito dos adversários e sim, por demérito deles. Isso causa um efeito no fã brasileiro, que não acredita nas derrotas dos ídolos porque sempre acha que as lutas foram compradas, que o lutador brincou demais ou qualquer outra teoria da conspiração.


É possível ver isso na reação a derrota de Borrachinha para Israel Adesanya no dia 26 de setembro. Poucos no Brasil focaram no verdadeiro motivo da derrota do brasileiro: Adesanya é simplesmente melhor que ele. Invés disso, focam no que o atleta tupiniquim fez de errado e o que aconteceu nos bastidores para ele não ter lutado bem.


Aceitar que o outro é melhor não é um erro. Ninguém é invencível. Pelo contrário, ídolos são moldados por suas derrotas, o fã vai admirar quem ele vê como batalhador e supera as adversidades porque qualquer um pode se ver no atleta. É difícil se enxergar em alguém que é intocável. A mídia de luta brasileira precisa deixar o patriotismo de lado e simplesmente noticiar os fatos como eles são.

Deiveson Figueiredo, atual campeão dos moscas do UFC. Foto: Reprodução/UFC


Então é hora de deixar o passado, focar no presente e torcer pelo futuro. É o momento de esquecer as vaidades e reconhecer a superioridade dos oponentes. Só assim será possível o surgimento de novos Anderson Silva, Vitor Belfort e Amanda Nunes. Torcer por mais reconhecimento para nossos atuais campeões e os futuros. O Brasil foi, é e sempre será uma fábrica de ídolos.


Posts recentes

Ver tudo

Comments


© 2023 por Nome do Site. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
bottom of page