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O fenômeno do Crossover Boxing

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

Com a evolução da tecnologia, muitas profissões surgiram e demonstraram um jeito viável para se ganhar dinheiro. A popularização das redes sociais e do YouTube levou à criação das ocupações de influencer e youtuber, criadores de conteúdo que são pagos pelas plataformas ou por contratos de publicidade. Dado ao número de fãs que eles possuem, geralmente o ego envolvido na área é bem grande. A fama costuma subir à cabeça das pessoas e elas sentem que podem fazer o que bem entenderem.

O youtuber Logan Paul golpeia o lutador de MMA Dillon Danis na luta de boxe entre os dois no último sábado, dia 14 de outubro. Foto: Matt McNulty/Getty Images


O ego inflado e o eterno sentimento de competição entre os influencers popularizou uma das mais bizarras modalidades esportivas dos tempos atuais: o crossover boxing ou influencer boxing. Não me leve a mal, o envolvimento de celebridades em lutas de boxe sempre existiu. Nem preciso falar das lutas de circo e das exibições especiais de antigamente. Porém, o movimento atual possui características específicas.


Primeiro que todos os influencers possuem um grupo gigantesco de fãs e muitos deles fixados na celebridade. Segundo que o público costuma ser de adolescentes, o que não é algo comum em lutas de boxe. Por último, a promoção para esses eventos chega a passar de um limite, pois por serem criadores de conteúdo e terem a mente de sempre viralizar, os lutadores fazem de tudo para mexer com o adversário.


Isso tudo levou a um público gigantesco para muitos desses eventos. Por exemplo, a primeira luta entre os youtubers KSI e Logan Paul em agosto de 2018 é a maior luta amadora da história do boxe. Mais de um milhão de pay-per-views foram vendidos e mais de duas milhões assistiram ao vivo. Diversas lutas de boxe ou cards do UFC nem chegam perto desses números.


Mas o que levou a esses números gigantescos? A resposta é fácil. Ambos estão entre os maiores youtubers do mundo, cada um com mais de 15 milhões de inscritos em seus respectivos canais. A curiosidade em assistir duas celebridades numa luta sempre vai existir e sempre chamará mais a atenção de quem não costuma assistir o esporte. É por isso que até hoje essas lutas de influencers são assistidas por milhões de pessoas e porque uma suposta peleja entre dois bilionários Elon Musk e Mark Zuckenberg estava sendo chamada de maior luta de todos os tempos.


Mas por quê decidi escrever sobre lutas entre influencers? Eu sempre tive curiosidade com esses confrontos porque eu acompanho alguns dos envolvidos tem bastante tempo. Por exemplo, eu devo assistir vídeos do britânico KSI desde os meus 13 anos. Então, quando ele começou a se envolver com boxe e fez a primeira grande luta de influencers em 2018, eu naturalmente prestei atenção.

O youtuber Jake Paul nocauteia o ex-campeão do UFC Tyron Woodley numa luta de boxe. Foto: Chris O'Meara/Associated Press


Desde então, eu continuei a acompanhar para ver até quando isso ia durar e, para minha surpresa, esses circos continuam a acontecer e a ter um grande número de espectadores. Além disso, os influencers se tornaram mais ambiciosos e começaram a fazer lutas profissionais. A revanche entre KSI e Logan Paul em 2019 foi a estreia profissional de ambos e com o controle da comissão atlética local.


Depois de tornar as lutas profissionais, o que viria a seguir? Nada mais justo que começassem a enfrentar lutadores de verdade. Nisso, foi o americano Jake Paul, irmão mais novo de Logan Paul, que teve mais sucesso. Paul gerou uma curiosidade a cada luta sua graças a sua personalidade controversa e ao fato de que não parava de vencer combates que deveria perder. Ele derrotou Ben Askren, Tyron Woodley, Anderson Silva e Nate Diaz. Tudo bem que todos são lutadores de MMA e alguns são péssimos na trocação, mas mesmo assim eram atletas profissionais contra um youtuber.


No final, o tamanho de youtubers como KSI, Logan Paul e Jake Paul é o que faz esses eventos continuarem. Se fosse o nível do boxe, era pra já ter acabado faz tempo. No último sábado aconteceu o chamado PRIME Card em Manchester, na Inglaterra. O show foi realizado pela Misfits Boxing, uma organização criada para realizar lutas de influenciadores.


O evento trouxe o combate entre KSI e o boxeador e irmão mais novo de Tyson Fury, Tommy Fury, como luta principal. Além disso, Logan Paul enfrentou o polêmico lutador de MMA e jiu-jitsu Dillon Danis. Para resumir, ambas as lutas foram desastrosas. Tecnicamente horríveis mesmo. Com isso, diversos textos sobre esse ser o fim do Crossover Boxing começaram a aparecer.


Entretanto, eu vou contra esse pensamento por um simples fato: o dinheiro. O evento vendeu mais de um milhão no pay-per-view. Isso só mostra que não importa o nível, os fãs continuarão pagando. Além disso, o público comum do boxe e dos esportes de combate ainda irão prestar atenção, pois quando se tem nomes tão populares envolvidos, é difícil não querer saber o que aconteceu.

O youtuber KSI enfrentou o boxeador Tommy Fury no último sábado, dia 14 de outubro. Foto: Reuters / Getty Images


Pode ser que dure mais um ano ou mais cinco anos, o que se sabe é que o Crossover Boxing faz dinheiro e continua a atrair mais espectadores a cada evento. Admito que não é e nunca vai ser um interesse meu, porém sempre tenho a curiosidade para ver os números e o entretenimento que gera. Julgando pela longevidade e pelo dinheiro que os envolvidos estão ganhando, esse fenômeno ainda tem lenha para queimar.

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