No MMA, como em qualquer outro esporte, existem aquelas ocasiões em que lutadores acabam dando um passo maior do que deveriam. Nesses momentos, todos são lembrados de uma característica da modalidade: tem níveis no mundo da luta. Não importa quão bom é aquele jovem atleta ou quão impressionante são as suas performances, uma hora ou outra ele enfrentará alguém melhor.
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Israel Adesanya derrotou Paulo Borrachinha no UFC 253. Foto: Zuffa LLC/Getty Images
No último sábado, dia 26 de setembro, o brasileiro Paulo Costa desafiou o campeão dos médios, Israel Adesanya, no UFC 253. Borrachinha é considerado como a futura estrela do Brasil no MMA e a conquista do cinturão sacramentaria isso. A luta possuía uma expectativa muito alta no país, com fãs casuais interessados nela. O que era pra ser uma coroação, se tornou uma decepção.
Borrachinha foi dominado pelo campeão, que demonstrou um striking incrível e controlou o brasileiro durante o combate. O desafiante não teve resposta, não conseguiu implementar seu famoso estilo de pressão constante e golpes poderosos. O que se viu foi um show de Adesanya, que venceu por nocaute técnico no segundo round.
Logo após a luta terminar, as perguntas começaram. O que aconteceu com o brasileiro? Por que uma apresentação tão medíocre? Onde estava o Borrachinha que impressionou a todos com sua ferocidade e potência nos golpes em seu caminho para a disputa de cinturão? Os fãs brasileiros não conseguiam entender, um cara que pareceu ser invencível até ali, foi dominado tão facilmente.
Os fãs brasileiros sempre tentam achar uma explicação doida para a derrota de algum ídolo do país no MMA. Nunca é por mérito do adversário, sempre foi algo que o atleta do Brasil fez ou deixou de fazer. Dessa vez, o motivo foi a provocação pré-luta de Borrachinha. Falaram que se ele focasse em lutar, ao invés de falar, teria vencido a luta.
Borrachinha poderia ter sido o mais respeitoso possível com Adesanya antes da luta, o resultado seria o mesmo: vitória do nigeriano. É agora que entra o tema do texto: o brasileiro simplesmente descobriu que existem níveis no MMA. Adesanya está em um patamar muito acima do dele, tanto em experiência quanto em técnica. O nigeriano tem mais de 100 combates em sua carreira, em três esportes diferentes, enquanto Paulo só tinha doze.
Adesanya já tinha vivido o sentimento de lutar por títulos, já venceu inúmeras no MMA e kickboxing, enquanto essa era a primeira vez do brasileiro. Enquanto Borrachinha tinha a força bruta como o principal, a técnica do nigeriano é incomparável. No final das contas, artes marciais mistas não são uma competição de quem é mais forte e definido.
O nigeriano estudou Borrachinha incrivelmente, sabia o que esperar. O plano do brasileiro era pressionar contra a grade, mas o jogo de pernas de Adesanya o tornou um alvo muito difícil de ser atingido. O campeão minou o desafiante com chutes na perna no primeiro round, o que acabou com a sua mobilidade e explosão. Quando chegou o segundo assalto, Paulo Costa não tinha como fugir dos golpes e a cada chute ou soco, sua determinação de continuar a lutar acabava.
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Adesanya acerta um chute na cabeça de Borrachinha. Foto: Josh Hedges/ Zuffa LLC
Tem uma foto que Adesanya postou que explica a questão dos níveis. Antes do primeiro round, Borrachinha estava super confiante, com um sorriso no rosto e olhos de campeão, mas no início do segundo, ele estava desolado, cara fechada e olhos perdidos. Esse é o resumo da luta: o brasileiro não achou o nigeriano no octógono.
A noite era de Adesanya. Podiam lutar dez vezes, em nove o nigeriano ganharia. Infelizmente, Borrachinha pagou pelas suas performances impressionantes, o que o fez pular etapas e lutar pelo cinturão quando ainda não alcançou o nível técnico necessário. Assim o campeão só teve o trabalho de trazer o desafiante de volta à realidade e, em seu momento Bruno Henrique (jogador de futebol do Flamengo), mostrar que está em outro patamar.
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