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Meritocracia ou entretenimento?

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

O UFC há anos é criticado por não seguir uma estrutura de meritocracia quanto os desafiantes aos títulos de cada categoria. Por muitas vezes, o claro merecedor foi deixado para trás para focar num confronto que iria trazer um retorno financeiro ou midiático maior para a empresa. Com isso, muitos sentem que a estrutura dos rankings utilizados pela organização não dizem ou servem para nada, já que eles próprios não os seguem.

Colby Covington provoca Robbie Lawler na luta entre os dois em 2019. Foto: Getty Images


Essa discussão sempre reaparece quando o assunto é Colby Covington. Desde que começou a ter uma personalidade mais controversa e mais focada no trash talk, o americano viu as oportunidades aumentarem. Ninguém nega o nível dele e para muitos, se não existisse Kamaru Usman, Covington já teria sido campeão dos meios-médios.


O que causa um debate é a quantidade de disputas de título que Covington recebeu sem fazer por merecer. Atualmente, ele irá desafiar o campeão Leon Edwards no UFC 296 no próximo sábado, dia 16 de dezembro. O americano recebeu a oportunidade mesmo sem ter nenhuma vitória sobre um atual top-15 da categoria.


Além disso, Covington não luta desde maio de 2022, quando derrotou o agora aposentado Jorge Masvidal. Essa preferência pelo americano causou uma revolta nos fãs, que viam outros atletas da categoria com um merecimento maior para ser o desafiante número um da divisão. A situação fica mais absurda quando vemos que Belal Muhammad está há dez lutas sem perder, mas mesmo assim foi preterido em favor de Colby.


A realidade é que desde outubro de 2017, quando Covington veio para o Brasil, derrotou Demian Maia e em sequência chamou os brasileiros de animais, o UFC viu as notas de dinheiro aparecerem instantaneamente. O próprio Colby já admitiu que não iria ter seu contrato com a organização renovado em 2017, mas depois de mudar o seu estilo e se tornar mais polêmico, ele conseguiu escalar rapidamente a categoria.


O interesse do UFC nessa nova personalidade do americano foi tão claro que, logo após a luta contra Demian, ele recebeu uma chance pelo título interino da divisão. Entretanto, essa sequência até a primeira luta contra Kamaru Usman não é nem algo que devemos criticar, pois Covington realmente merecia ser o desafiante naquela época. Porém, não tem como negar que ele só se tornou um possível desafiante assim que começou a xingar todos da categoria. Antes disso, ele tinha quatro vitórias seguidas, mas quase ninguém o notava.

Colby Covington no confronto contra Demian Maia em São Paulo, em 2017. Foto: Getty Images


Após uma grande luta contra Usman, Covington continuou com o seu estilo polêmico, ainda mais que contestava a interrupção do árbitro no confronto. Com isso, era certeza que ele não ficaria longe de uma nova chance pelo título. Dois anos, uma vitória e vários xingamentos contra o campeão, Colby novamente lutou pelo cinturão.


Enquanto ninguém nega que Covington tinha sido o desafiante que trouxe mais desafios para Usman até aquele momento, o fato dele ter lutado uma única vez e já receber uma nova chance não caiu muito bem. Mesmo que a vitória tenha sido um atropelo sobre o ex-campeão Tyron Woodley, o triunfo não parecia ser o suficiente para conquistar uma disputa por título, até pela situação claramente decadente em que Woodley se encontrava.


Novamente, Covington chegou perto, mas perdeu para Kamaru Usman. Em outra luta super competitiva, os dois guerrearam por cinco rounds assim como no primeiro combate, porém desta vez, Colby pareceu aceitar melhor a derrota e até ofereceu uma "trégua" para o rival. Assim, como há dois anos antes, o sentimento que ficou é que Colby Covington era claramente o segundo melhor meio-médio do mundo.


Após o segundo fracasso contra Usman, Covington sabia que estava longe de outra chance enquanto o nigeriano fosse campeão. Então, ele se virou para outra luta que seria ainda mais midiática que uma disputa de cinturão. A rivalidade com o ex-melhor amigo Jorge Masvidal atingiu níveis de agressão fora do cage e processos criminais. No fim, Colby saiu vencedor por decisão unânime e ficou fora do radar do público após a vitória.


O americano passou o resto de 2022 na dele, até que viu a oportunidade pelo cinturão novamente depois da chocante vitória de Leon Edwards sobre Kamaru Usman no UFC 278. Depois que o inglês derrotou novamente Usman em 2023, como um passe de mágica, Covington estava sendo chamado de próximo desafiante pelo presidente do UFC, Dana White.

Colby Covington derrotou Jorge Masvidal em sua última luta no UFC 272, em maio do ano passado. Foto: Reprodução / UFC


Novamente, isso não é um ataque às habilidades do americano como lutador. Ele já provou diversas vezes que é um dos melhores meios-médios da geração. Isso é uma crítica à "meritocracia" implantada pelo UFC. Colby só começou a ser notado pela organização no momento em que mudou a personalidade e começou a atuar como alguém totalmente diferente. Com isso, a organização subitamente viu notas de dinheiro no lutador e, desde então, ele sempre está rodeando o título, mereça ou não. A realidade é que não importa se vencer inúmeras lutas em sequência, se não for visto como alguém que estimule financeiramente, o atleta sempre estará no final da fila.

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