O Fair Play é algo presente em todos os esportes. Desde o futebol até a Fórmula 1, todas as modalidades seguem rigorosamente o conceito. Para se explicar corretamente, o Fair Play é uma filosofia adotada no mundo esportivo que busca uma conduta ética nas competições. Em resumo, respeito às regras, ao adversário e fazer a coisa certa. Desde 1896, quando a expressão foi criada, essa lei de conduta é cada vez mais celebrada no cenário desportivo.
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Ed Herman (calção azul), com as costelas visivelmente vermelhas, é oficializado como vencedor no confronto contra Mike Rodriguez após polêmica. Foto: Reprodução/UFC
No MMA, essa conduta não é levada tão a sério, são muitos os atletas que não demonstraram Fair Play. Temos os exemplos de Jon Jones e Daniel Cormier, no qual ambos por muitas vezes utilizaram dedadas no olho como forma de desestabilizar o oponente e ter uma vantagem. Outro grande caso é do ex-lutador Josh Koscheck, que por inúmeras vezes em sua carreira fingiu que foi atingido por golpes ilegais para prejudicar o adversário.
No último sábado, aconteceu uma grande polêmica no UFC Vegas 10, mais exatamente na luta entre o veterano Ed Herman e o jovem Mike Rodriguez. O momento controverso ocorreu no segundo round quando Rodriguez atingiu Herman com uma joelhada na costela. Logo após o golpe, o veterano caiu e o árbitro interrompeu, mas não por ter acabado a luta e sim por ter achado que foi um golpe baixo.
O árbitro Chris Tognoni não viu direito o golpe, o que fez Herman aproveitar a situação e deixar parecer que o golpe foi ilegal. Foi uma bela atuação por parte do veterano, que conseguiu impedir que a luta terminasse e ainda ganhou tempo para se recuperar. No final das contas, Rodriguez, que deveria ter ganhado por nocaute técnico, acabou finalizado por uma kimura no terceiro round.
Após a luta, o presidente do UFC, Dana White, criticou bastante a performance do árbitro e ainda afirmou que Rodriguez receberia o bônus pela vitória. Herman se esquivou bem das perguntas sobre o momento da polêmica, ele disse não se lembrar direito do que aconteceu e onde foi atingido. Enquanto Mike Rodriguez pediu para que fãs não atacassem o veterano, pois não é culpa dele.
Ao refletir, sim, a culpa não é de Ed Herman. O culpado por toda essa confusão é o árbitro Chris Tognoni e as regras do esporte em si, que ainda não deixam o juiz central olhar o replay para tomar uma decisão. Porém, Herman é um veterano, ele sabe o que fez. Ele viu a chance de ser beneficiado e agarrou com as duas mãos.
Muitas perguntas foram feitas sobre a possível atuação de Herman. O fingimento da dor não existiu, pois ele estava realmente machucado. O que ele mentiu foi sobre o local onde foi atingido. Outro questionamento é: o que outros lutadores fariam no lugar dele? Acho que por isso muitos não podem criticá-lo, pois provavelmente fariam a mesma coisa.
O que não se pode negar, é que muitos não teriam a dureza que teve Herman. Ele encontrou forças dentro de si para retornar para a luta e vencê-la, contra um oponente muito superior a ele e depois de perder facilmente os rounds anteriores. Podemos não concordar com as atitudes dele mas temos que aplaudir sua vontade de vencer.
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Mike Rodriguez (calção vermelho) castiga Ed Herman no segundo round. Foto: Getty Images
Infelizmente no MMA, o Fair Play ainda engatinha se comparado com outros esportes. Existe uma facilidade muito maior para burlar as regras e enganar os árbitros. Não será a primeira e nem a última vez que um lutador aproveita da falta de atenção do juiz central. Muitos outros conseguiram vitórias por meio de desclassificação do oponente por fingir golpes ilegais ou exagerar a gravidade.
O único jeito de ter uma evolução na questão do Fair Play é com a melhora das regras do esporte e aumentar o nível dos árbitros, pois se Chris Tognoni tivesse mais treinamento ou pudesse olhar o replay para tomar um decisão, Mike Rodriguez teria sido o vencedor. Além disso, não adianta muitos condenarem as atitudes de Herman se fariam o mesmo que ele. Isso só irá mudar quando existir mais exemplos de atitudes positivas do que negativas.
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