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É para poucos

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

Rapidamente, Alex Poatan se tornou um dos lutadores sobre quem eu mais escrevo em meus textos. Alguns podem me chamar de repetitivo, porém a culpa não é minha se o brasileiro alcança tamanha grandeza em um tempo tão pequeno. Às vezes, é fácil se esquecer que Poatan é bem inexperiente no MMA, o que torna os seus feitos e a história que escreve a cada luta mais impressionantes.

Alex Poatan comemora a conquista do cinturão dos meios-pesados no UFC 295, no último sábado. Foto: UFC / Twitter


São inúmeros os assuntos que fazem de Poatan um personagem perfeito para um texto. Podemos começar pelo seu talento. São poucos lutadores que possuem um controle de distância e uma técnica na trocação tão incríveis quanto o brasileiro. Além disso, ele foi abençoado com o "toque da morte", um soco conecta e o adversário já está no chão.


Em seguida, temos as conquistas. É exagero falar que Poatan está entre os maiores atletas de esporte de combate da história? Até pode ser, mas quando vemos todos os títulos que ele possui, é impossível não se perguntar qual a posição entre os grandes da história. Poucos conseguiram dominar em duas modalidades como o brasileiro fez. Ele se tornou campeão de duas categorias tanto no MMA quanto no Kickboxing e, além disso, está no Hall da Fama do Glory e provavelmente estará na do UFC.


Por último, temos a personalidade e as relações do brasileiro. O homem que não ri. Esse jeito sério e que virou meme entre os fãs de MMA conquistou a todos, que comemoram sempre que Poatan deixa o seu lado brincalhão sair. Somado a amizade incrível com o ex-campeão do UFC Glover Teixeira, pois juntos são mais que treinador e aluno.


Provavelmente, o leitor reparou que deixei de lado talvez o assunto mais importante. Geralmente nos meus textos o nome de Poatan sempre está ligado ao de outro grande lutador: Israel Adesanya. Ambos fazem parte de uma das maiores rivalidades já vistas, que inclui dois esportes. Um fez o outro melhorar como atleta. Talvez, se não fosse o sucesso de Adesanya no MMA, Alex não teria feito a transição. E é certeza que se o nigeriano não fosse campeão dos médios, o brasileiro não teria disputado um título tão rápido na carreira.


Seja pelas circunstâncias ou pelo enredo que existia, o brasileiro calou a todos a cada vitória que conseguia. Explodiu a mente do mundo quando, depois de somente um ano no UFC, derrotou Adesanya e conquistou o título dos médios da organização. Deixou o planeta inteiro de queixo caído quando sete meses depois da derrota mais contundente da carreira, ele fez história novamente e se tornou campeão de uma segunda categoria.

Alex Poatan nocauteou Andreas Michailidis em sua estreia no UFC, em novembro de 2021. Foto: Ed Mulholland / USA TODAY Sports


O mais incrível dessa trajetória toda é como todos os três principais acontecimentos ocorreram no mesmo local e na mesma época de cada ano. Tanto a estreia no UFC quanto as conquistas dos títulos tiveram palco a arena de Madison Square Garden, em Nova York. Além disso, todos foram no pay-per-view de novembro do UFC, que costuma ocorrer no início do mês com cada fato acontecendo respectivamente em 2021, 2022 e 2023.


A realidade é que a história de Alex Poatan podia muito bem ser um roteiro de filme. Alcoólatra até os 22 anos, Poatan começou a treinar para combater o vício. Aos 27, se torna campeão do Glory pela primeira vez. Agora, aos 36 anos, é Hall da Fama da organização de kickboxing e campeão do UFC. Poucas produções cinematográficas contam histórias tão boas quanto essa.


Depois de tantos feitos, qual o próximo passo para o brasileiro? Depois da vitória contra Jiri Procházka no último sábado, dia 11 de novembro, no UFC 295, ele comentou que gostaria de enfrentar novamente Israel Adesanya. Ele citou uma entrevista de 2020 em que o nigeriano fala de Poatan nunca conquistaria nada mais na carreira e viveria de comentar sobre as vitórias sobre Adesanya enquanto o assiste na TV de um bar.


Alex inverteu a narrativa na entrevista pós-luta de sábado e disse que queria ajudar Adesanya a sair do bar, onde provavelmente estaria assistindo a luta. Isso foi uma provocação direta à entrevista de 2020, além do fato de que o nigeriano afirmou que só voltaria a lutar em 2027. Para terminar o desafio, Poatan ainda soltou um "vem pro papai" em inglês.


Por mais que seja desejo do brasileiro vingar a derrota brutal sofrida contra o nigeriano em abril, o próximo desafio deve ser um confronto contra Jamahal Hill, ex-campeão dos meios-pesados. Hill foi quem vagou o cinturão depois de uma lesão, tornando a luta entre Prochazka e Poatan possível. Além disso, foi o americano que derrotou Glover Teixeira, técnico de Alex, na luta de aposentadoria do brasileiro.

Alex Poatan acerta um golpe em Israel Adesanya no UFC 281, em novembro do ano passado. Foto: Jeff Bottari / Zuffa LLC


Seja qual for o próximo passo, Alex Poatan já deixou sua marca na história. O que ele conquistou em dois esportes diferentes é para poucos. Não bastasse o status atingido no kickboxing, ele decidiu se desafiar, ir para o MMA e elevar o patamar ao conquistar duas categorias em tempo recorde. No final das contas, não era o destino do brasileiro sempre derrotar Israel Adesanya como escrevi em um texto do ano passado, mas era o seu destino sempre dar a volta por cima e estampar o seu nome na história.

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