Por mais que o MMA seja sobre artes marciais e sobre quem é o melhor lutador, não podemos negar que também é visto como entretenimento. No final das contas, as organizações sempre estarão atrás de ganhar mais dinheiro, afinal vivemos num mundo capitalista e tudo gira em torno do dinheiro. Portanto, sempre estarão à procura de um atleta que saiba se vender e algumas vezes tem sorte de juntar a habilidade de criar "hype" com a habilidade dentro do octógono.
Deiveson Figueiredo emocionado após conquistar o cinturão em julho deste ano.
Foto: UFC/Reprodução
Isso é visto principalmente no UFC. Ninguém duvida que a organização sempre está atrás da nova estrela. Ter um astro significa que você atraí o público e com isso lucrará. Então, eles sempre estarão em busca de uma nova Ronda Rousey e de um novo Conor McGregor. Em suma, só ser bom em lutar não é o suficiente. Tem que saber se promover também.
Temos diversos casos de lutadores que foram publicamente criticados pelo presidente do UFC, Dana White, por não saberem se promover. Demetrious Johnson, um dos maiores de todos os tempos, sofreu com isso. Mesmo tendo batido o recorde de defesas de cinturão, com 11, Johnson viu o UFC quase acabar com a divisão dos moscas pois não trazia dinheiro.
A divisão dos moscas mudou muito desde o reinado de Demetrious Johnson. Desde então. o ex-campeão perdeu para Henry Cejudo, trocou o UFC pelo ONE e viu Cejudo renunciar o título da categoria. O peso precisava de um novo campeão e alguém que tivesse consigo algo animador. Enquanto Cejudo foi campeão, os moscas ficaram esquecidos pois o detentor do título estava mais preocupado em conquistar outras divisões. Essa inatividade fez o UFC perder um pouco do interesse e começar a demitir diversos atletas da categoria.
No entanto, ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, um atleta brasileiro subia rapidamente os rankings da divisão. Esse lutador impressionava a todos com um poder de nocaute inacreditável para os moscas, um jiu-jitsu afiado e como seu comportamento no octógono. A cada vitória, Deiveson Figueiredo provava ao UFC que ele era o futuro e estava ali para dominar.
Depois de sete lutas na organização e seis vitórias, Deiveson recebeu a chance de conquistar o cinturão vago. Entretanto, a sua maior adversária atacou: a balança. O brasileiro não bateu o peso da categoria e não poderia ganhar o título. No final, o paraense ganhou o combate mas não se tornou o campeão.
Só tinha uma coisa que o UFC poderia fazer: marcar uma revanche contra Joseph Benavidez e torcer para o brasileiro bater o peso dessa vez. Além de ter vencido a balança, Deiveson teve uma performance perfeita. Ele machucou o americano com cada soco que acertou. Foram três knockdowns e, finalmente, um mata-leão para confirmar o que todos sabiam: Deiveson Figueiredo é o campeão dos moscas do UFC.
A cada performance, mais pessoas se tornam fãs de Deiveson. Mesmo tendo a barreira linguística, o público se interessa por ele por mais que não entendam português. O brasileiro demonstra uma ferocidade misturada com confiança que todo astro possui. Além disso, ele é completo. Possui poder de nocaute, um jiu-jitsu afiado e um queixo duro. Tem todas as características para dominar a divisão por muitos anos.
Deiveson finalizou Alex Perez com uma guilhotina na primeira defesa de seu cinturão.
Foto: UFC/Reprodução
Deiveson tem uma história que deixa o público mais interessado nele. Nascido na ilha de Marajó no Pará, o atleta cuidava de búfalos quando era mais novo e ao se mudar para a capital do estado, Belém, começou a trabalhar como cabelereiro e sushiman. Isso tudo enquanto já treinava. Essa história de superação de um garoto que saiu de uma ilha lá no norte do Brasil para dominar o mundo, isso atrai as pessoas. Misturado com a personalidade e como se comporta no octógono, Deiveson é uma estrela em formação.
Já não basta ter impressionado a todos com sua vitória no último sábado dia 21, o brasileiro está marcado para lutar novamente em menos de três semanas. O UFC está há algum tempo atrás de novos astros e nunca imaginaram que essa nova estrela viria da divisão menos atrativa da organização. Não importa se Deiveson trabalhava como cabelereiro ou sushiman, quando subia no octógono ele demonstrava todas características de um astro.
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