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Apostando em si mesmo

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

Dia 22 de janeiro de 2022. Essa é a data da última luta de Francis Ngannou no UFC. Naquela noite em Anaheim, nos Estados Unidos, Ngannou derrotou Ciryl Gane para unificar o título dos pesados da organização. Desde então, o camaronês foi mais visto nos noticiários e trocando farpas com personalidades do MMA. Até o dia 16 de maio de 2023 quando anunciou sua ida para o Professional Fighters League, a PFL.

Francis Ngannou comemora vitória sobre Ciryl Gane em sua última luta no UFC.

Foto: Chris Unger / Zuffa LLC


As questões contratuais de Ngannou já eram conhecidas antes do confronto contra Gane. Francis nunca escondeu o descontentamento com o valor que ganhava e também com o valor pago em geral para os lutadores no UFC. Então, os questionamentos sobre a permanência do campeão na organização começaram logo que acabou o combate. O contrato do camaronês se expirava em dezembro de 2022 e com uma lesão nos ligamentos de um dos joelhos, era de conhecimento público que o ano de Francis Ngannou seria cheio de negociações ao invés de lutas.


A pedida dele para o UFC não era simples, pelo menos não para o que se esperava de um lutador na organização. O UFC é conhecido por pagar mal os seus lutadores, são raros os atletas que recebem mais de 250 mil dólares por luta. Se pensarmos que a companhia tem um valor atual de mercado de 12 bilhões, torna-se incompreensível a maioria do plantel receber menos que 100 mil por combate.


Com isso em mente, Francis Ngannou foi para a negociação com o UFC com o objetivo de conseguir mais dinheiro para si, mas também mais direitos para os outros atletas. Ngannou pediu para a organização oferecer seguro de saúde para todos os lutadores e a possibilidade de terem seus próprios patrocinadores dentro do octógono, o que era proibido desde julho de 2015.


Como esperado, o UFC não sinalizou com o acordo nessas questões e só focou no dinheiro que o campeão receberia. A organização alega que ofereceu um valor de oito milhões de dólares para Ngannou enfrentar Jon Jones, que faria dele o peso pesado mais bem pago da história do MMA. Porém, para o camaronês não fazia sentido aceitar aquilo depois de ter vocalizado o descontentamento e o desejo de mais direitos para a classe dos lutadores. Para ele, seria algo egoísta e hipócrita de sua parte.


Sem um acordo com o UFC, a saída foi oficializada em janeiro de 2023 quando a organização retirou o cinturão de Francis Ngannou e o liberou para procurar um novo contrato em outro lugar. Desde então, inúmeros promoters foram atrás do free agent mais cobiçado dos últimos anos no MMA. Bellator, ONE e, até, o BKFC (Bare Knuckle, popular boxe sem luvas) entraram em contato com o campeão linear dos pesados, mas ninguém ofereceu o que Ngannou esperava. Alguns até disseram que a pedida do camaronês era fora da realidade.

Francis Ngannou com as luvas da PFL. Foto: PFL


Com a demora do anúncio da nova "casa" e as afirmações dos promoters sobre as negociações, uma parcela dos fãs de MMA começaram a se virar contra Ngannou e questionar se a saída do UFC teria sido a melhor escolha a se fazer. Muitos criticaram o camaronês por achar que ele exagerou o seu valor e se achava uma estrela que não era.


Por um momento, parecia que as portas estavam realmente se fechando para Ngannou. O suposto interesse em lutas de boxe contra Tyson Fury e Anthony Joshua esfriou depois que os boxeadores seguiram em outra direção. No MMA, parecia que nenhuma organização estava disposta a gastar o que Francis pedia. Além disso, Jon Jones derrotou Ciryl Gane facilmente, conquistou o cinturão do UFC e começou a afirmar que Francis Ngannou fugiu dele. Com isso, se passaram meses sem notícias animadoras.


Entretanto, a espera acabou. Já havia rumores que Francis Ngannou iria assinar com a PFL. A organização conseguiu novos investidores, vem tendo sucesso com o seu estilo de temporadas com um campeão ao final do ano e recentemente anunciou a nova divisão de super lutas, que provavelmente terá confrontos entre atletas de alto nível e será transmitido por pay-per-view, com metade dos lucros indo para os lutadores.


Por mais esperado que fosse o acordo entre Ngannou e PFL, afirmo que ninguém esperava algo tão favorável em todos os aspectos para o camaronês. Além de ter assinado para três lutas em que ganhará provavelmente três milhões de dólares em cada, o ex-campeão do UFC também conseguiu duas posições administrativas dentro da organização. Ele será o presidente do PFL África e estará no conselho consultivo como representante do direito dos atletas.


Outros detalhes do acordo são a liberdade de lutar boxe, sem renovação automática do contrato e o direito de ter os próprios patrocinadores dentro do cage. Além disso, ele também garantiu o pagamento justo para o seu oponente. Quem o enfrentar receberá no mínimo dois milhões de dólares, com a possibilidade de negociar por mais. Com todos os tópicos explicados, é possível afirmar que é um dos melhores acordos já feitos na história do MMA.

Arte do anúncio do acordo entre PFL e Francis Ngannou. Foto: PFL


A colaboração entre Francis Ngannou e PFL demonstra que depois de anos, o UFC terá verdadeiros concorrentes. Além disso, queira ou não, Ngannou é o melhor peso pesado do planeta, já que não perdeu o seu cinturão em uma luta. Mais que isso, o camaronês sabia o seu valor e decidiu lutar não só por si próprio, mas por uma mudança na estrutura de pagamento para os lutadores no MMA. No final das contas, mesmo estando no topo do mundo e numa situação de conforto, ele decidiu apostar em si mesmo e nos seus ideais.

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