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A mania de nunca jogar a toalha

Foto do escritor: Rafael FernandezRafael Fernandez

Atualizado: 19 de mai. de 2020

O brasileiro Glover Teixeira enfrentou o americano Anthony Smith na última quarta-feira, dia 13 de maio, no UFC Fight Night 175 em Jacksonville, Flórida, nos Estados Unidos. O lutador natural da cidade de Sobrália, em Minas Gerais, nocauteou Smith no quinto round em uma luta marcada por uma polêmica em relação ao momento em que o combate deveria ter sido paralisado.

Glover conecta um golpe no machucado Smith. Foto: Cooper Neill/Getty Images


A polêmica se deve a atuação do árbitro Jason Herzog e do córner de Anthony Smith. Lionheart, como é apelidado o americano, dominava a luta até o final do segundo round, quando Glover acertou uma boa sequência e o machucou. A partir do terceiro foi um massacre do brasileiro e provavelmente os dois últimos rounds foram pontuados 10-7, algo incomum no esporte.


Muitos criticaram a demora de Herzog para interromper a luta, mas a crítica mais dura foi para o córner por ter deixado Smith lutar mesmo com nenhuma ofensividade e mínima chance de vencer. O resultado da desnecessária quantidade de golpes que Smith levou foi um nariz quebrado, o osso orbital quebrado e alguns dentes que caíram. Depois disso uma pergunta sobe a cabeça de todos: quais são os deveres dos córners no MMA?


O mais comum é pensarem que o dever do córner é passar instruções para o lutador, isso é o óbvio. Como o falastrão e atualmente comentarista da ESPN, Chael Sonnen, falou em um vídeo no seu canal do Youtube, "a maior obrigação do córner é fazer com que seu lutador saia do octógono inteiro e sem lesões sérias".


Sonnen está corretíssimo, porque no momento em que o lutador não está mais com ofensividade e não demonstra chances de vitória, não tem mais motivo pra continuar na luta. Smith literalmente falou para os técnicos no intervalo para o quinto round: "Meus dentes estão caindo". Isso é um claro pedido de "me salve e pare o combate, não quero mais lutar". Os treinadores dele decidiram ignorar tudo o que ele falava e o deixaram receber mais golpes duros.


Há uma noção errada no MMA que é: nunca se joga a toalha. São poucos os técnicos que salvam seus lutadores, a maioria ignora o quanto de castigo já foi recebido e só continua a dar instruções para vencer a luta. "Guerreiros nunca desistem" ou "é profissional de porrada, tem que aguentar" são exemplos do que muitos dizem para não ter que paralisar a luta.

Anthony Smith mostra machucados em post com a filha. Foto: Reprodução/Instagram


O principal motivo dito para justificar a não interrupção por parte dos córners é que o árbitro que sabe quando parar a luta. Isso não é verdade. Inúmeras vezes o lutador ainda demonstra uma movimentação para se proteger, como Smith fez algumas vezes durante o combate na quarta. Não é vergonhoso jogar a toalha. Isso só mostra a preocupação com o seu lutador e a noção que ele não precisa mais tomar golpes numa luta que não dá para vencer.


MMA não é um esporte de "machões". É um esporte de atletas de alto nível que treinam por meses para poder ganhar dinheiro para sobreviver. É como qualquer outra modalidade. Não é só porque são lutadores que devem receber uma quantidade enorme de golpes, todos tem que ter a chance de voltar a ver a família sem contusões graves e de viver o resto da vida sem complicações.


A encefalopatia traumática crônica, a famosa CTE, é algo real e afeta boxeadores, jogadores de futebol americano e, aos poucos, temos os primeiros casos nos lutadores de MMA. Os sintomas são problemas na fala, tremores e dificuldade de lembrar de certos acontecimentos na vida. O maior exemplo de atleta que sofreu com a doença é Muhammad Ali, um dos maiores esportistas da história.


Qualquer ajuda para interromper a doença de afetar cada vez mais profissionais é bem-vinda. Jogar a toalha pode ser o diferencial entre ter uma vida segura ou sofrer com a CTE. O lutador ser salvo pelo córner não o faz ser menos homem.


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