A eletrizante divisão dos galos
- Rafael Fernandez
- 9 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
O UFC 249 aconteceu há um mês e um dos assuntos mais interessantes, que apareceu ao final do evento, foi a inesperada aposentadoria do campeão peso galo Henry Cejudo. Cejudo derrotou o ex-campeão e provável maior da história na categoria, Domick Cruz, por nocaute técnico no segundo round. Logo quando atingia o pico da carreira, "Triple C", como é apelidado Cejudo, decide pendurar as luvas.

Aljamain Sterling (de calção preto) finalizou Cory Sandhagen (de calção branco) no UFC 250, no sábado, e espera disputar o título em sua próxima luta. Foto: Zuffa LLC/Getty Images
Cejudo afirmou que a aposentadoria era algo sério, mas também deu dicas que pelo dinheiro certo voltaria a lutar. Muitos então pensaram que tudo isso era sobre dinheiro e, após negociarem, "Triple C" estaria de volta ao octógono. Porém, logo na semana seguinte, o presidente do UFC, Dana White, confirmou a aposentadoria de Henry e afirmou que o cinturão estava vago.
Após a confirmação, o debate sobre quem lutaria pelo título começou. Na entrevista coletiva pós-UFC 249, Dana White afirmou que o russo Petr Yan estaria envolvido na luta. Desde sua vitória contra Urijah Faber no UFC 245, em dezembro de 2019, é bem claro que Yan quer lutar pelo título e é o "contender" mais merecedor da oportunidade.
O russo está numa sequência de nove vitórias na carreira, com seis delas no UFC. Além da lenda Faber, Yan derrotou Jimmie Rivera e John Dodson, ambos que se encontram no top 15 da categoria. O estilo agressivo e o striking perigoso de "No Mercy", apelido de Yan, o transforma no lutador mais empolgante na divisão.
O próximo passo para o UFC era achar o oponente de Yan. Eram muitos os candidatos e alguns atletas eram merecedores, como Aljamain Sterling e Cory Sandhagen. Mas aí veio a polêmica na história toda. O lutador escolhido pelo o UFC foi o ex-campeão dos penas, José Aldo. Aldo era o oponente original de Henry Cejudo no UFC 249, mas por causa da pandemia do Covid-19, não pode sair do Brasil para lutar.
A polêmica sobre Aldo existe desde o anúncio de sua luta com Cejudo. O brasileiro só lutou uma vez nos galos e essa única luta foi uma derrota contra Marlon Moraes no UFC 245. O revés foi por decisão dividida e muitos acreditam que Aldo venceu o combate. Uma dessas pessoas é o chefão Dana White. O fato de "Rei do Rio", como é apelidado Aldo, ser o maior nome da categoria e ter, consequentemente, mais chance de vender Pay-per-view, fez dele o escolhido para lutar tanto contra Cejudo quanto agora contra Yan.

Petr Yan (vermelho) e José Aldo (amarelo) se enfrentam no UFC 251, em julho.
Foto: Super Lutas/Reprodução
Mesmo com a polêmica, a divisão dos galos é provavelmente a categoria mais movimentada no momento, com um grande número de atletas com potencial para serem campeões e muitas lutas incríveis a serem marcadas. A categoria possui uma boa mescla de veteranos consolidados, ex-campeões e promessas que surpreendem a cada performance.
Um grande exemplo da situação atual foi demonstrado no UFC 250, que aconteceu no último sábado, dia 6 de junho. No card, três lutas importantíssimas ocorreram na divisão dos galos. A primeira colocou frente a frente uma promessa em Sean O'Malley, que está atrás de um lugar entre os tops da categoria, contra um veterano e ex-campeão do WEC, Eddie Wineland. O garoto O'Malley nocauteou Wineland no primeiro assalto.
A empolgação continuou com a luta entre Aljamain Sterling e Cory Sandhagen, na qual o vencedor provavelmente enfrentará o vencedor de Yan x Aldo. Sterling botou Sandhagen para dormir no início do primeiro round com um mata-leão e consolidou seu nome como o futuro da categoria.
Para terminar, o ex-campeão Cody Garbrandt enfrentou o veterano brasileiro, Raphael Assunção. Ambos precisavam da vitória, principalmente Garbrandt que estava numa sequência de três derrotas e não vencia desde 2017. Os questionamentos sobre o americano eram gigantes, pois em todos os revezes ele foi nocauteado por não utilizar a estratégia correta. Ele respondeu todos os críticos com um gameplan perfeito e com um nocaute ao final do segundo round.
Além dos seis lutadores que se apresentaram no sábado, a divisão ainda tem atletas de um calibre muito alto, como Marlon Moraes, Pedro Munhoz e o estreante na categoria, Frankie Edgar. Outros veteranos como Jimmie Rivera, John Dodson e a lenda Urijah Faber estão mais atrás nos rankings mas ainda são capazes de proporcionar boas lutas. Não podemos esquecer do ex-campeão TJ Dillashaw, que volta de sua suspensão, por uso de EPO, em janeiro de 2021.
O futuro é empolgante com nomes como Song Yadong, Cody Stamann e Rob Font, todos prontos para enfrentar tops da categoria. A animação para as lutas é enorme, qualquer casamento na divisão é um combate que precisa ser assistido. Talvez tenhamos o surgimento de um campeão dominante ou o título será passado de mão em mão graças a tantos competidores de alto nível, mas uma coisa é certa, a categoria está eletrizante.
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