Em todo esporte temos aquele atleta que por mais que não seja o melhor, nunca irá parar até alcançar o topo. Não importa quantas vezes ele falhe, ele continuará atrás da glória. Ele pode até não ser o maior da história da modalidade ou na divisão, mas sempre será lembrado por ser um grande atleta, que sempre deixou tudo dentro da arena e mostrou alto nível técnico.
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Daniel Cormier celebrando a conquista do título dos pesados em 2018. Foto: UFC/Reprodução
Daniel Cormier é um exemplo de perseverança. Cormier começou nas artes marciais na escola com o wrestling. Desde sempre, ele se destacou na modalidade. Ele somente perdeu nove vezes em toda a duração do ensino médio e ganhou três títulos estaduais em Louisianna. Alem da luta olímpica, "DC" também chamou atenção no futebol americano, mas recusou uma bolsa no esporte para focar na luta.
No ensino superior, ele encontrou sucesso rápido na Universidade Comunitária de Colby, na qual foi duas vezes campeão nacional. Logo em seguida, se mudou para Universidade de Oklahoma, uma instituição conhecida pelo alto nível no wrestling. Infelizmente, Cormier nunca conquistou um título, porém virou um All-american ao alcançar uma final em 2001.
Após se formar em sociologia, Cormier ficou totalmente focado na carreira no wrestling. Ele obteve tanto sucesso que alcançou o time olímpico dos Estados Unidos e foi para as Olimpíadas de 2004. Infelizmente, "DC" terminou em quarto lugar após perder nas semifinais. Na segunda tentativa atrás de uma medalha e como capitão da equipe, acabou cortado por complicações no corte de peso e não pode competir em Pequim 2008.
Após decepções e sempre bater na trave no wrestling, Cormier decidiu fazer a transição para o MMA em 2009. Ele se juntou a AKA em San Jose, na Califórnia. A academia era conhecida por ser repleta de talentos como Cain Velasquez, Josh Koscheck e Jon Fitch. "DC" se manteve invicto entre setembro de 2009 e novembro de 2010 até ter uma chance no Strikeforce.
Após duas vitórias no Strikeforce, Cormier foi chamado para substituir Alistair Overeem no Grand Prix dos pesados. Ele entrou direto nas semifinais contra o brasileiro Antônio Pezão, que vinha de vitória sobre a lenda Fedor Emelianenko. Mesmo com a grande diferença de tamanho e experiência, "DC" não tomou conhecimento e nocauteou no primeiro round.
Cormier saiu de completo azarão para o campeão do torneio, pois na final dominou o experiente Josh Barnett. Num confronto de wrestlers de alto nível, "DC" quedou Barnett como se ele fosse um peso leve. Após o Grand Prix, ele ainda teve uma última luta no Strikeforce antes de ir para o UFC.
No UFC, ele competiu duas vezes nos pesados contra Frank Mir e Roy Nelson. Mesmo com as vitórias, Cormier decidiu descer de categoria, pois o seu principal parceiro de treino, Cain Velásquez, era campeão da divisão. "DC" teve a difícil tarefa de bater 93 quilos nos meios-pesados, o peso mais baixo desde a época da faculdade.
Daniel impressionou com seu começo na categoria. Primeiro nocauteou rapidamente o estreante Patrick Cummins no UFC 170, após seu oponente original, Rashad Evans, se lesionar. O domínio continuou com a destruição sobre a lenda Dan Henderson no UFC 173. Na entrevista pós-luta, ele desafiou o campeão Jon Jones. Era o começo de uma das maiores rivalidades do esporte.
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Jones e Cormier na primeira luta entre os dois no UFC 182. Foto: Jeff Bottari/Getty Images
Cormier substituiu Alexander Gustafsson no UFC 178, após o sueco se lesionar. Foi na conferência de imprensa desse evento que ocorreu a famosa encarada entre Jones e "DC", na qual, os dois realmente brigaram. "Bones" acertou um soco e quedou Daniel. Por causa de uma lesão do campeão, a luta foi transferida para dezembro no UFC 182.
No combate, Cormier não foi páreo para o campeão. Por mais que tenha causado um pouco de perigo e até ganhado um round, acabou dominado e, pela primeira vez, derrotado na carreira. Foi uma derrota dura para "DC", que chorou após a luta. O revés na disputa de título lhe relembrou a decepção que passou nas olimpíadas.
Por mais que tenha perdido, ele recebeu mais uma chance pelo cinturão. Jones se envolveu numa série de polêmicas como testar positivo para cocaína semanas antes da luta contra Cormier. O que culminou na retirada do título de "Bones" foi um acidente de trânsito em que ele fugiu do local. Com isso, "DC" enfentou Anthony Johnson no UFC 187.
Era chance de Cormier finalmente chegar ao topo, após decepções na carreira. A luta começou complicada quando Johnson acertou uma direita com segundos de combate que derrubou o wrestler. Mas "DC" se recuperou por pura determinação e coração, começou a utilizar seu wrestling e finalizou no terceiro round.
Finalmente Cormier era o número um. Depois de anos de suor e trabalho duro, ele atingiu o topo da montanha. Após isso, ele defendeu duas vezes o título, além de uma vitória contra Anderson Silva numa luta de três rounds. O próximo passo era uma revanche contra Jones, que estava suspenso por ter falhado um teste antidoping.
Infelizmente, "DC" foi nocauteado por Jones no terceiro round. No entanto, "Bones" falhou novamente o teste antidoping e transformou a derrota de Cormier num "no contest" o que devolvia o cinturão para o americano. Com isso, ele defendeu o título contra Volkan Oezdemir no UFC 220 e mirou em fazer história: ser o primeiro campeão meio-pesado a conquistar a categoria dos pesados.
Esse recorde o colocaria na história e o faria superar pela primeira vez Jon Jones. Jones há anos falava em subir de categoria mas nunca o fez. Cormier subiu de categoria e ainda nocauteou o campeão Stipe Miocic no UFC 226, para se tornar detentor de dois títulos ao mesmo tempo.
Não demorou muito para Cormier abandonar os meios-pesados, mas antes se tornou o primeiro lutador a defender dois cinturões ao mesmo tempo quando derrotou Derrick Lewis no UFC 230. A partir disso, somente como campeão dos pesados, "DC" se envolveu em talvez a maior trilogia da história da divisão.
Próximo dos 40 anos, idade na qual falou que iria se aposentar, ele ainda tinha que terminar o que começou com Miocic, após uma tentativa de enfrentar Brock Lesnar não dar certo. Mesmo com um domínio sobre os três primeiros rounds da revanche, Cormier foi nocauteado por Stipe no quarto round.
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Cormier e Miocic na segunda luta entre os dois no UFC 241. Foto: Zuffa LLC/Getty Images
Com a série empatada, era necessário uma terceira luta para desempatar. Além disso, Cormier anunciou ser a última de sua carreira. Então os dois proporcionaram um clássico no UFC 252, último sábado. Talvez o melhor dos três, o combate ficará marcado na história. Infelizmente para "DC", no final foi Stipe que terminou campeão.
Por mais que não tenha sido o final de carreira que queria e ter chegado muito perto de ser o "GOAT" em duas categorias, Cormier mostrou até onde a perseverança pode levar alguém. De duas decepções olímpicas até dois cinturões no UFC, "DC" é um desses lutadores que deve ser celebrado por muitos anos e é um exemplo para muitos que estão começando. No final das contas, nada mal para um wrestler de Louisianna.
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