O mundo inteiro foi surpreendido pela pior pandemia desde 1918. O coronavírus causou a morte de mais de 1,5 milhão de pessoa no planeta e fez com que todos ficassem de quarentena por uma boa parte do ano de 2020. Os esportes foram atingidos imediatamente com um grande período sem nenhuma modalidade ativa. O UFC foi a primeira organização esportiva a voltar às atividades em maio, quando ninguém mais pensava em retornar.
Dana White, presidente do UFC, se vangloria por ter sido o primeiro a voltar as atividades.
Foto: Zhe Ji/Getty Images
O presidente do UFC, Dana White, tem muito orgulho de ter sido o primeiro a voltar às atividades. Ele viu a oportunidade de ganhar dinheiro e atenção em ser o único esporte ativo. Além disso, criou cenários diferentes devido a pandemia como, por exemplo, a Ilha da Luta em Abu Dhabi. Tudo isso foi pensando unicamente em lucrar, mesmo que fosse perigoso e irresponsável graças à situação que o mundo passava.
No início, o UFC até conseguiu fazer um bom plano de segurança contra o vírus e ainda o seguem à risca. No entanto, falharam ao não perceber que não é possível controlar os lutadores, seus treinadores e suas famílias. Com uma doença que se propaga tão facilmente e tão rapidamente, casos eram inevitáveis.
Logo no primeiro evento, o UFC 249, já teve um caso e uma luta perdida um dia antes. Isso só mostrava que mesmo com toda a segurança, sempre vai ter alguém contaminado. E se tem alguém contaminado, há grandes chances de passar para outras pessoas.
Com o passar do tempo, a quantidade de lutas perdidas estava aumentando rapidamente. Até que chegamos na situação atual, na qual é difícil um evento estar completo. Pior ainda, diversos cards aconteceram com somente oito ou nove combates. O que era visto como uma oportunidade de ganhar mais dinheiro no início da pandemia, virou algo em que se tem prejuízo.
Por que estou escrevendo sobre isso em dezembro? Porque, recentemente, Dana White confirmou que irá demitir 60 lutadores do plantel atual do UFC. Essas demissões são para diminuir o déficit que teve graças a Covid-19. Em resumo, são os atletas que irão pagar pelo fato da organização estar perdendo dinheiro.
O mais inacreditável disso tudo é que esperaram até dezembro para fazer esses cortes quando muitos lutadores já lutaram durante a pandemia. Então, além de colocarem a saúde deles e das famílias em risco ao saírem de casa para treinar e lutar, eles ainda vão perder o emprego. O UFC sabia de quanto dinheiro ia perder graças a Covid-19. Essas demissões poderiam ter sido feitas em abril ou maio, como muitas empresas e organizações fizeram.
O pior disso tudo é que a organização reclama sobre o plantel inflado que possui, mas está o tempo todo contratando novos lutadores. Até poucas semanas atrás, o Dana White's Contender Series, eventos semanais com aspirantes para o UFC, acontecia normalmente. Toda semana atletas eram contratados, mesmo sabendo que já estavam com muitos profissionais para pouco dinheiro entrando.
O veterano e ex-desafiante, Yoel Romero, foi um dos primeiros integrantes da barca do UFC. Foto: UFC/Reprodução
Para termos uma comparação, 37 atletas foram contratados durante toda temporada do Contender Series deste ano. Muitos desses provavelmente não irão vingar na organização, então estão tomando o lugar de muitos lutadores que mereciam estar ou continuar no UFC. Algo assim deveria ter sido evitado ou pensado antes, não poderiam ter deixado para o final do ano para suavizar o déficit que tiveram.
No final das contas, isso tudo vem da visão somente para o dinheiro que Dana White possui. Não é de hoje que o tratamento do UFC aos atletas não é dos melhores, porém era esperado uma atenção maior em tempos difíceis como esses. Em resumo, a organização precisa de lucro e se não consegue o esperado, alguém vai ter que pagar. É assim que o mundo funciona e não quer dizer que o UFC está errado, só faltou sensibilidade com aqueles que sacrificam seus corpos para o dinheiro entrar no bolso da companhia.
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